Ontem, durante o debate quinzenal, Assunção Cristas atacou António Costa por causa da limpeza das matas.
Por vias travessas, depois de várias acusações ao governo, questionava a líder centrista o dever dos privados na limpeza das matas, sugerindo que essa tarefa devia ser da competência do Estado.
António Costa reagiu acusando Assunção Cristas de nada ter feito para fazer cumprir a legislação de 2006 e lembrou que "é aos privados que compete fazer a limpeza do espaço florestal privado".
É verdade que se o governo em funções tivesse sido mais rigoroso na fiscalização do cumprimento da legislação em vigor, os incêndios de 15 de Outubro não teriam tido aquelas proporções.
Em primeiro lugar, porque as autarquias teriam desempenhado as tarefas que a legislação lhes atribui em vez de, 10 anos depois de a legislação ter entrado em vigor, virem reclamar que não têm dinheiro.
Em segundo lugar, porque as pessoas não arriscariam violar a lei fazendo queimadas com aquelas condições atmosféricas.
Finalmente, se a lei fosse integralmente cumprida, os senhores Párocos que em conluio com os autarcas andam a patrocinar romarias incendiárias, teriam mais recato nas manifestações de fervor religioso, deixando de acoplar às procissões o habitual foguetório incendiário.
O busílis na interpelação de Cristas porém, não é esse. É a insistência da direita em submeter o Estado aos superiores interesses dos privados. Para a direita, os privados devem ficar com o lombo e o Estado com o osso.
Ao fim e ao cabo a mesma postura que PSD e CDS têm relativamente aos subsídios ao ensino privado, enquanto se opõem de forma veemente à distribuição gratuita de livros no ensino público.
cronicasdorochedo.blogspot.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário