CARLA SOARES
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Pedro Passos Coelho e António Costa terão amanhã o seu primeiro duelo no Parlamento, quando começa a discussão do programa do Governo socialista, que reproduz as medidas acordadas entre o PS e os três partidos à sua esquerda, embora não haja ainda consenso para propostas emblemáticas como a devolução da sobretaxa do IRS.
Tanto do lado do PSD como do PS, o confronto é esperado no primeiro dia de debate
Tanto do lado do PSD como do PS, o confronto é esperado no primeiro dia de debate. Fontes próximas de Passos Coelho afirmam ao JN que a única estratégia possível para o agora líder da Oposição é intervir amanhã, depois de ter criticado Costa por ter permanecido em silêncio no primeiro dia da discussão do programa da Direita, que foi depois chumbado pela maioria de Esquerda. Também é esperada para amanhã uma intervenção de Paulo Portas, líder do CDS, que é favorável à apresentação de uma moção de rejeição, disse ao JN fonte da direção centrista. Mas o assunto divide o PSD.
Hugo Soares, vice-presidente da bancada, disse ao JN que "é natural que o líder da Oposição intervenha no debate do programa de Governo" amanhã, quando questionado sobre a discussão que decorre quarta e quinta-feira no Parlamento. A confirmar-se este primeiro frente a frente, "a razão será só uma: Passos Coelho terá a coragem que António Costa não teve no debate do programa da coligação", afirmou Hugo Soares, que espera "um debate muito crispado".
Outro dirigente da bancada considera "impossível que Pedro Passos Coelho não intervenha, pelo seu perfil e pela sua estratégia". Mas esta terá ainda de ser acertada na reunião de hoje da Comissão Permanente do PSD.
António Costa, que falará nos dois dias do debate, irá esforçar-se por mostrar convergência à esquerda. Um esforço que explica a decisão de realizar, às terças-feiras, reuniões entre os líderes parlamentares, também com o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, para discutir as propostas do Executivo.
Entre os ministros, são esperadas as intervenções de Mário Centeno (Finanças), Vieira da Silva (Trabalho, Solidariedade e Segurança Social) e do ministro-adjunto Eduardo Cabrita. O programa reúne cerca de 70 medidas introduzidas após os acordos do PS com PCP, "Verdes" e BE, que incidem na política de rendimentos, e seis medidas do PAN.
É sabido, porém, que não há consenso no calendário . O PCP fez questão de escrever isso no acordo, lembrando que queria já em janeiro de 2016 a reposição dos salários na Função Pública e das 35 horas de trabalho, bem como a supressão da sobretaxa, em vez das medidas faseadas propostas pelo PS.
Costa prometeu um Orçamento até março. Mas há matérias que estão por consensualizar. O PS admitiu já atenuar mais a sobretaxa. Mas "respeitando a trajetória de crescimento e a consolidação orçamental" prevista no programa, disse ontem, ao JN, o deputado João Galamba. Não confirma, porém, se o PS equaciona uma diferenciação entre os escalões do IRS. A bancada pediu, entretanto, ao Ministério das Finanças dados estatísticos sobre a cobrança da sobretaxa para preparar o debate que será feito em comissão. As esquerdas também ainda terão de discutir na especialidade a devolução de salários, a contribuição extraordinária de solidariedade e a reversão da privatização dos transportes
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