Amarrar os pacientes
O federalismo não é, por natureza, uma coisa necessariamente boa nem necessariamente má. Tudo depende do significado, finalidade e substância que se lhe quiser conferir.
Quando Angela Merkel defende que «a missão da nossa geração é fazer sempre evoluir a Europa como união económica e transformá-la, passo a passo, numa real união política», não são com certeza as necessárias alterações na governação económica europeia que tem em mente (como a possibilidade de o Banco Central Europeu passar a emitir moeda ou a criação das condições para a existência de um verdadeiro orçamento europeu).
E também não estará decerto a pensar, pelo modo despudoradamente autocrático e impositivo com que tem gerido politicamente a crise, numa devolução da democracia europeia às suas próprias instituições e aos Estados membros.
Perante o avolumar do fracasso do moralismo austeritário, que se recusa a encarar, o que Merkel certamente pretende é consagrar nos tratados o aprofundamento dos desfalques iníquos na soberania dos Estados e ter mão, ainda mais firme e directa, sobre as democracias europeias. Como um médico que não aceita reconhecer o efeito contraproducente do tratamento que estipulou, a chanceler pretende agora amarrar os pacientes às suas camas, para lhes administrar sempre que for preciso - sem resistências nem contratempos - doses reforçadas do remédio que os está a matar.
Quando Angela Merkel defende que «a missão da nossa geração é fazer sempre evoluir a Europa como união económica e transformá-la, passo a passo, numa real união política», não são com certeza as necessárias alterações na governação económica europeia que tem em mente (como a possibilidade de o Banco Central Europeu passar a emitir moeda ou a criação das condições para a existência de um verdadeiro orçamento europeu).
E também não estará decerto a pensar, pelo modo despudoradamente autocrático e impositivo com que tem gerido politicamente a crise, numa devolução da democracia europeia às suas próprias instituições e aos Estados membros.
Perante o avolumar do fracasso do moralismo austeritário, que se recusa a encarar, o que Merkel certamente pretende é consagrar nos tratados o aprofundamento dos desfalques iníquos na soberania dos Estados e ter mão, ainda mais firme e directa, sobre as democracias europeias. Como um médico que não aceita reconhecer o efeito contraproducente do tratamento que estipulou, a chanceler pretende agora amarrar os pacientes às suas camas, para lhes administrar sempre que for preciso - sem resistências nem contratempos - doses reforçadas do remédio que os está a matar.
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