Elis Regina - Tatuagem
Acho que não conheço ninguém que tão bem escreva canções no feminino. Fica-se (eu fico!) com a impressão de que o Chico Buarque tem dentro de si várias mulheres, com vidas e estórias carregadas de paixões, alegrias, dramas, tragédias... mulheres que, de vez em quando ganham vida e “cantam”, servindo-se da sua voz e das suas palavras.
Uma dessas mulheres tem lugar cativo no universo de canções do Chico: Elis Regina.
As “versões” de Elis são definitivas. Tornam-se o molde. A matriz a partir da qual tudo se compara. Esta sua arrasadora interpretação de “Tatuagem” é um grande exemplo disso mesmo.
Em princípios dos anos setenta do Século XX, quando ainda não havia “telediscos”, Elis resolveu inventar um. Uma canção que já era um espanto, torna-se verdadeiramente incendiária. Por momentos, aquela relação da intérprete cantora com o intérprete músico... é, para dizer o mínimo, perturbante.
Eu sei que, neste caso, o músico (grande músico!) era César Camargo Mariano, o grande amor da sua vida. O amor que para além dos fantásticos frutos musicais que fez nascer, “produziu” seres humanos e talentos como o de Pedro Mariano e de Maria Rita. Mesmo assim... em que estado ficará um “pobre” pianista, quando a cantora, ainda por cima, sendo a Elis Regina, resolve encará-lo e cantar uma canção destas, desta maneira?
Bom domingo!
“Tatuagem” – Elis Regina
(Chico Buarque /Ruy Guerra)
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