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segunda-feira, 14 de novembro de 2011


Algarve: Presidente da ARS admite falta de médicos e enfermeiros
14-11-2011

O novo presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve(ARS), garante cortes na saúde,“sobretudo em áreas que não ponham em causa a população”. Martins dos Santos admite falta de enfermeiros e de médicos nalgumas especialidades, mas maior preocupação é o défice de 100 clínicos de medicina geral e familiar.  
 
O presidente do Conselho de Administração da ARS, recentemente nomeado, faz um prmeiro balanço, em entrevista ao semanário "O Algarve".
"O Algarve" (OA)- O Ministério da Saúde vai ter de fazer cortes substanciais. Com quanto menos é que os serviços públicos de saúde do Algarve vão ter de viver no próximo ano?
Martins dos Santos (MS): É um dado que não está disponível neste momento. Pelas contingências financeiras do País, há necessidade de fazer restrições a vários níveis, mas esperamos que as consigamos fazer sobretudo em áreas que não ponham em causa os cuidados de saúde à população, o acto médico e técnico.
Temos de ter alguns cuidados na aplicação dessas restrições financeiras, porque é uma área que interfere com o bem-estar e a saúde das pessoas.
Esperamos que se possam fazer através da reestruturação de serviços, sem pôr em causa a qualidade e a acessibilidade dos cidadãos aos serviços de saúde. Com isso consegue-se fazer poupanças. Andávamos a viver acima daquilo que eram as nossas possibilidades, como País e sociedade.
(OA)- Que medidas vão ser tomadas para ser possível fazer mais com menos?
(MS): Sobretudo reestruturar e reorganizar serviços. Há situações onde temos gastos que não são necessários, que terão de ser reequacionados e desviados de umas áreas para outras, onde eles são mesmo essenciais, em que haja necessidade de pôr em prática atitudes e comportamentos que garantam um estado de bem-estar físico, psíquico e social.
Na área das instalações e da informática vamos ter algumas poupanças interessantes, mas também algumas melhorias na área da informática, no mais curto prazo possível.
Queremos dispor dentro de pouco tempo de um acesso nos centros de saúde e nos dois hospitais da região, do mesmo registo de cada utente. Deste modo, um doente que é visto no Centro de Saúde de VRSA terá a sua informação clínica disponível em qualquer centro de saúde e em qualquer hospital da região. Penso que será um grande salto qualitativo em frente.
Vamos desencadear todos os procedimentos para termos luz verde e avançarmos com a maior rapidez possível. Esta área vai permitir fazer grandes poupanças, em exames que não são necessários repetir, quer análises, quer exames de imagem, em que vamos ter acesso imediato à informação clínica do doente, quer seja nos cuidados primários de saúde, quer seja nos cuidados hospitalares. Aqui podemos, sem fazer cortes, ter uma rentabilização muito maior dos meios informáticos ao nosso dispor.
(OA)- Não teme que haja ruptura de serviços com estes cortes?
(MS): Não, porque os serviços que estão a funcionar, funcionam com profissionais que consideramos e esperamos que sejam necessários para esses serviços.
Como neste momento temos um défice de alguns profissionais na região, não me parece que essa situação se possa colocar, sobretudo nesta área médica, onde temos défice de profissionais. Há falta de médicos em determinadas especialidades e temos falta de enfermeiros na região.
Pode haver reajustamentos em alguns serviços que tenham um número de profissionais um pouco desajustado relativamente àquilo que é a sua necessidade, mas são mais aqueles que têm necessidade e carência de profissionais.
Não temo que haja rupturas, porque nós estamos abertos a que haja entrada de mais profissionais na região, quer na área de algumas especialidades médicas, quer na área da enfermagem. Os serviços que temos são manifestamente insuficientes, portanto não podemos prescindir sequer deles.
(OA)- Portanto, não vão haver mais despedimentos?
(MS): Porque haveria de haver despedimentos? Temos falta de pessoas. O que aconteceu é que o Hospital de Faro não renovou o contrato com três profissionais, mas isso já estava programado quando fizeram o contrato.
No Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, isso nem sequer aconteceu. Neste momento, não há nenhuma razão para ter esse receio.
(OA)- Quantos profissionais seriam necessários para cobrir as necessidades?
(MS): O número de profissionais é um pouco variável. Existem centros de saúde ou serviços hospitalares que não têm falta de profissionais.
A grande falha e carência que temos neste momento é por exemplo na área dos cuidados de saúde primários, em que temos uma necessidade de cerca de 100 médicos de medicina geral e familiar, em toda a região, o que traz uma grande sobrecarga para quem está na região a trabalhar.
Para além disso, traz ainda uma outra consequência: há utentes sem médico de família. Esse é um drama que temos, mas há muitos anos.
Ainda assim, a região tem conseguido dar uma resposta aceitável, tendo sempre em consideração os poucos recursos que temos. Era essencial para prestar serviços de excelência superar essas necessidades, mas não havendo especialistas nessas áreas, a resolução imediata é recorrer ao esforço daqueles que já cá estão.
Esperamos que durante o primeiro semestre do próximo ano, com algumas alterações que vão ser produzidas, possamos ter colegas que se desloquem de centros onde existem especialistas num maior número para a nossa região, que tem sido cronicamente deficitária em determinadas áreas.
Apesar dos atractivos da nossa região, ainda não conseguimos cativar a simpatia e a atenção de muitos mais profissionais.
Ainda assim, nos últimos anos, tem havido um acréscimo, mas são médicos jovens, que ainda não têm a sua especialidade. Tem havido maior procura da nossa região, mas também ligada ao desejo de trabalhar no novo hospital do Parque das Cidades. Temos de tentar criar condições de trabalho para que as pessoas se sintam bem cá.
(OA)- O ex-secretário de Estado da Saúde, Carlos Martins, defendeu a eliminação de 30% das atuais chefias, colocando as quatro unidades operacionais de saúde regional a funcionar com comissões executivas, sob a alçada dos mesmos gestores de um único conselho de administração. Concorda?
(MS): Acho que essa proposta teria de ser bem formalizada. Neste momento é impraticável. De qualquer maneira, o que nós temos pensado é fazer uma reestruturação dos cuidados hospitalares, agrupando os dois hospitais, de Faro e Barlavento, fazendo com que aqui se possam ter ganhos consideráveis na saúde, podendo fazer compras dos medicamentos, equipamentos e instrumentos clínicos por grupo hospitalar e não individualmente.
A capacidade negocial é completamente diferente, e aí pode haver mais poupança sem haver restrição nos cuidados prestados à população. Podemos ter aqui quase uma economia de escala e a gestão de recursos humanos de uma forma muito mais agilizada.
Se agruparmos, provavelmente haverá áreas que neste momento não têm cobertura e que passarão a ter. Penso que é preferível termos cobertura diária numa determinada especialidade na região, do que termos durante quatro ou cinco dias nos dois hospitais e nos outros três ou quatro o doente tem de ir para Lisboa. Isso não me parece adequado. A região tem de dar solução a essas necessidades.
Hospital Central é “necessidade da região” e “prioridade nacional”
(OA)- Com este novo adiamento do Hospital Central do Algarve, considera que mais médicos desmotivados possam passar do serviço público para o privado?
(MS): O Hospital Central seria o maior atractivo para trazer para cá novos profissionais, e neste momento não teríamos, penso eu, grandes problemas em termos de recursos humanos e materiais, porque seria um hospital bem apetrechado, mas os constrangimentos financeiros criam dificuldades para que o hospital seja uma realidade de imediato, embora esperemos tê-lo daqui a uns tempos.
A desmotivação não será só por este atraso, mas por toda a conjuntura actual. A criação do hospital do Parque das Cidades é uma mais-valia para a região, mas a situação de desemprego e de condição social atual faz com que as próprias entidades privadas não tenham também uma forma de estar muito facilitada.
(OA)- Como é que o problema da falta de camas hospitalares pode ser resolvido?
(MS): Criando o hospital do Parque das Cidades. O que temos tido é o recurso àquilo que são as camas de cuidados continuados, porque estas permitem que aqueles doentes que já não necessitam de cuidados hospitalares, possam ser deslocados para essas camas, permitindo que o número de camas hospitalares tenha uma rotatividade muito maior e que mais doentes possam ser tratados nos hospitais.
Neste momento, temos o mesmo número de camas que tínhamos há uns anos atrás. Devemos ter cerca de metade das camas hospitalares que a nossa região devia ter, tendo em conta a nossa população residente e flutuante. Em termos de camas de cuidados continuados estamos razoavelmente bem.
O número de camas do Hospital Central é sobreponível ao número que existe no Hospital de Faro, pelo que este nunca pode ser um hospital de substituição do atual, mas um complemento.
(OA)- Tem alguma previsão para a criação do Hospital Central?
(MS): A situação da parceria público-privada do hospital está em estudo, mas não me parece que haja condições para se poder avançar de imediato. Penso que será necessário avançar assim que as condições forem adequadas a isso, porque é uma necessidade da região, da população residente e que nos visita e como o ministro da Saúde referiu, é uma prioridade nacional.
Observatório do Algarve

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