José Vitorino já pensa numa candidatura à Câmara de Faro
12-11-2011
O ex-presidente da Câmara de Faro, José Vitorino, está a “ponderar” recandidatar-se ao cargo. O actual líder do movimento autárquico independente «Cidadãos com Faro no Coração» admite estar a ser “pressionado” nesse sentido, embora a intenção inicial não fosse a de se voltar a candidatar à presidência da autarquia.
“Há dois pratos na balança: um é a minha posição inicial de não me recandidatar e ir congeminando outros projectos; e o outro está relacionado com o estímulo e a pressão das pessoas, aliado à desgraça para onde isto caminhou”, disse José Vitorino, terça-feira, durante uma conferência de imprensa onde fez o balanço dos dois anos de mandato do executivo liderado por Macário Correia.
Segundo o ex-autarca, os dois factores conjugados colocam “um peso e uma responsabilidade grande em quem, como eu, tem sempre estado ligado à vida pública: um peso, em termos pessoais, de consciência e de responsabilidade perante as pessoas”, sustentou.
O tempo é agora de “ponderar, pensar, repensar e decidir, embora ainda seja cedo para tomar uma decisão deste tipo”, ressalvou.
“Estou a balançar entre dois pratos”, confessou, adiantado depois a principal razão de uma eventual recandidatura: “as duas maiores forças políticas do concelho [PS e PSD] estão de braço dado na autarquia, sendo responsáveis pelo caos geral e colapso financeiro criado”. “Como tudo prefigura”, acrescentou, agora é assim e amanhã, mesmo na eventualidade de o executivo mudar [para um de outro partido, na circunstância o PS] continuaria tudo na mesma – porque continuariam concertados”, disse. Isto porque, adiantou, “forças estranhas, invisíveis, e outros valores” assim o determinam.
José Vitorino deu inúmeros exemplos da alegada “concertação” entre a coligação «Faro com Macário» e o PS, nomeadamente na Assembleia Municipal, onde as duas forças políticas aprovaram o plano de “reequilíbrio financeiro”, o “regulamento das rendas sociais”, o “aumento das tarifas de água e esgotos”, “contratos ruinosos com a Fagar”, a “fusão ilegal dos bombeiros municipais e voluntários na FOCON”, “mais centros comerciais e grande superfícies”, as “demolições” ou a “futura proibição da entrada de veículos no Verão” na praia de Faro, entre outras matérias.
Porque o quadro é “dramático”, considerou, “são indispensáveis profundas mudanças na autarquia, fora de jogos e interesses pessoais, político-partidários ou outros”. E isso, concluiu, “só é possível com uma forte mobilização cívica na luta pela democracia, o império da Lei, a consciência social, a competência, o rigor, a ética e um manual de boa educação”.
“Golpada político-eleitoral”
Vitorino acusou também o executivo camarário de, numa “macabra golpada político-eleitoral”, ter “atrasado” deliberadamente “em um ano” a apresentação do plano de reequilíbrio financeiro “com o objectivo de a Câmara ter mais dinheiro nos dois anos antes das eleições”. O resultado, no entanto, foi um “buraco de 38 milhões de euros no orçamento de 2011”. Isto porque, sustentou, “em 2010 ter-se-iam conseguido o empréstimo de 48 milhões de euros e compradores para o património [municipal a alienar], mas em 2011 tal já não é possível”. “Na execução desse plano”, disse ainda, a coligação «Faro com Macário» não só desrespeitou o “compromisso escrito”, assumido durante a campanha eleitoral, de preparar o plano de reequilíbrio financeiro até ao final de 2009, como “sacrificou [por falta de verbas] juntas de freguesia, clubes, associações, credores e munícipes”.
Observatório do Algarve
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