Com as portagens em tiro de partida, o retrato de família dos seus apoiantes, dos que não concordam mas aprovam, dos que não aprovam mas votam favoravelmente, dos que se escondem atrás de propostas para o caixote de lixo e, em especial, daqueles que nunca se comprometeram de boca e escrita mas não assumem o compromisso para com a região, não parou de engrossar.
Mesmo com uma nova contestação na agenda, nos limites de cumprir um programa…, a capitulação das instituições de poder e a falta de empenho das figuras que se dizem representativas da região, fazem pairar um ar fúnebre onde as carpideiras se preparam para fechar o ciclo.
Com mais cobres prestes a serem arrancados dos bolsos dos algarvios, vão espalhar-se pela estrada toda a justeza da panóplia de argumentos levantados e que esbarraram na obstinação de fazer receita.
Todos os princípios e sobretudo o pagamento da enorme dívida para com os algarvios, que determinaram em longos anos a concretização da “Via do Infante”, vão ser rasgados e fazem regredir a região aos velhos congestionamentos da EN 125 e à abertura de mais sepulturas e traumatizados entre as famílias.
Ao Governo e aos seus agentes na região, particularmente aqueles que fundamentaram a sua cambalhota na condição da requalificação da EN 125 e na solidariedade do pagamento da dívida, esquecendo que dois terços da via são estrada nacional e a única digna desse nome, devem ser imputadas todas as responsabilidades sociais e políticas no futuro.
Tendo sido a questão das portagens o maior ponto de unidade dos algarvios nos últimos tempos e a frente de luta com mais tempo em curso, devemos reflectir as razões e as responsabilidades da causa… quase perdida.
As razões, de profunda raiz política, estão nas contradições e nos interesses tácticos e estratégicos dos dois partidos do bloco central, que agitam os problemas e os gerem no interesse da luta permanente que travam pelo controlo do poder. Todas as causas entram nesta voragem, nunca contando os verdadeiros interesses das populações.
Quanto à direcção actual da contestação, balbuciou a saída da desobediência civil… mas volta aos engarrafamentos.
Composta por partes da “esquerda” parlamentar que privilegiou o diálogo com quem não quer ouvir, esta desdobrou-se em projectos de lei para o lixo, retirando valor à mobilização em massa para a estrada, envolvendo todas as forças da sociedade civil, com particular importância para os Sindicatos, que são transversais e podem vencer os constrangimentos provocados pelo recuo das instituições oficiais e dos seus dirigentes.
No actual contexto de estrangulamento da actividade económica e financeira da região e quando os rumores de lentidão na requalificação da EN 125 são correntes, nem o próprio Governo sabe contabilizar as consequências das portagens…, sabendo que recairão sobre a população.
Chegámos a um ponto crucial da nossa vida colectiva e a questão das portagens tem um significado muito relevante, onde a vitória sobre o centralismo cego nos abrirá as portas para novas transformações.
Luís Alexandre
Observatório do Algarve
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