tudo de ti se inventa, tudo de ti se diz
bela Diana, loura Febe, amável Isis, sedutora Astarte
misteriosa como Júpiter, enigmática como Marte
o luar incita ao devaneio ! dizia Mallarmé
nos teus quartos de míngua
nos teus quartos de cheia
no crescente
em nova
em cheia = mulher plebeia
minguante = triste
nova = sereia
crescente = o mistério persiste
astro das noites
desavergonhada que contínuamente mudas de quarto
de ti ! de ti o sol está farto !
ficas prenhe todos os meses
demoníaca para os grêgos, associada aos infernos, Perséfone
satãnica, protectora dos lobisomens
fada madrinha, encanto dos namorados
conhecedora dos recantos camuflados
protectora dos amantes
cartomante
lua, imaginário de argumentistas, cineastas, poetas
iluminas os corações com a prata dos teus espelhos
Cupido fere de amor os amantes, certeiro nas setas
dizem que lhe dás conselhos
lua feiticeira
dominas as marés
a sementeira
lua ferida
dizem que o homem te pisou
cuidado ! não te roubem os mitos, os mistérios, as imagens e encantamentos
o segredo de tantos beijos, despedidas, tormentos
lua das pragas, deusa dos lamentos
calendário lunar
éclipse espectacular
Platão, Eudoxo, Calipo e Aristóteles, são eternamente teus apaixonados
será que ainda lhes mandas enamorados recados !
Ptolomeu e Hiparco vigiaram-te, cientistas apalparam-te os seios
dizem que és fecunda
Julio Verne foi vítima dos teus feitiços
e ainda hoje o teu abundante luar de prata, a todos nós inunda
por pouco tempo, te consegues esconder dos olhares metediços de quem te ama, de quem te odeiae ainda hoje o teu abundante luar de prata, a todos nós inunda
não os ouças, aos que te desprezam
esconde namorados e amantes, e banha-os de diamantes e cristais, na prisão suave da tua tiara, a tua teia.
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