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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A Federação Espanhola confirmou a absolvição no caso do clembuterol e o espanhol inicia hoje, na 37.ª Volta ao Algarve, o seu regresso à competição.
Visto de fora, o Estádio do Algarve é o espelho da tranquilidade habitual dos dias que antecedem o arranque de todas as provas: sem ciclistas à vista, vislumbram-se apenas alguns directores desportivos, alguns carros das melhores equipas do mundo (a novíssima Leopard Trek é a primeira a merecer atenção), alguns dos componentes da caravana que, de hoje até domingo, estará nas estradas algarvias.

Mas as aparências iludem e basta mergulhar no interior do edifício para percebermos que o que há aqui dentro é tudo menos serenidade. Ninguém se consegue abstrair da notícia pendente, as conversas vão dar invariavelmente ao mesmo lado (Contador, claro está), os pedidos de acreditação da imprensa global não param de cair, as reservas de passaporte para o Sul de Portugal sucedem-se, a Volta ao Algarve está em suspenso. O suspense arrasta-se durante tempo de mais, mas acalma quando os meios de comunicação mundial certificam a absolvição já anunciada. Sentimos que a confirmação da presença do espanhol na Volta ao Algarve passa a ser um anúncio iminente e nem temos de esperar muito até que o rumor se torna real: a primeira prova de Alberto Contador depois do calvário provocado pelo positivo por clembuterol é a "Algarvia".

Respira-se de alívio. O regresso do tricampeão do Tour, o homem que é o rosto do ciclismo mundial e o melhor ciclista da actualidade, começa hoje, numa das suas competições favoritas, aquela que nos últimos três anos foi eleita por "El Pistolero" para preparar a época e o assalto ao Tour, aquela de que é vencedor em título há duas edições.

Balão de oxigénio para a modalidade fortemente abalada pelo presumível recurso ao doping, balão de oxigénio para a Volta ao Algarve que, apesar do pelotão consideravelmente mais forte do que em 2010 (ver caixa), não tinha um nome realmente sonante. "Nós já tínhamos um lote importante de ciclistas, só que o Contador, vindo da situação em que esteve e depois deste interregno, vai fazer com que os olhos de todo o mundo estejam aqui", disse ao PÚBLICO Rogério Teixeira.

E o director da prova nacional com maior projecção internacional nem está particularmente preocupado com o estado de forma do madrileno - "Acredito que estará em condições de discutir a geral, porque esteve na concentração da equipa e preparou-se" - e, a acreditar nas palavras do agora inocente espanhol, nem precisa de estar. Contador é, nas suas próprias palavras no site da Saxo Bank, um homem de esperança renovada e um ciclista desejoso de voltar à estrada: "Estou aliviado e muito feliz. Foram meses desgastantes para mim, mas durante o desenvolvimento do caso estive sempre disponível para todas as questões relacionadas com a investigação. Disse sempre a verdade".

"Alberto Contador volta a ser ciclista. Ou, pelo menos, volta a sê-lo de maneira oficial", podia ler-se nas páginas do El País. E como Contador volta a nascer para o ciclismo exactamente na Volta portuguesa, também a "Algarvia" volta a ser a "Algarvia" a que acostumou o pelotão internacional.

Com o espanhol no grupo, mantém-se tudo igual: o orçamento reduzido capaz de fazer milagres (entre 350 mil a 400 mil euros "chegam" para trazer os tubarões do sprint, como Greipel, Farrar ou Bozic, os clássicos, como Andreas Klodën, Michael Rogers ou David Millar, além dos nomes sonantes do topo), o alto do Malhão como ponto definidor da geral, as idas e voltas pelo Algarve (este ano, repetem-se locais de partida e chegada, como reflexo da crise), a questão de honra das equipas portuguesas e dos portugueses. Dificilmente um corredor com o cunho nacional estará no lugar mais alto do pódio em Portimão, mas nunca se sabe o que pode fazer Tiago Machado ou que segredos bem escondidos terão as quatro (escassas) representantes portuguesas.
 

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