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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

poesia cripto

 porque bebes esse vinho e estás triste
porque comes esse pão sem fermento
incontáveis luas, deslumbrantes planetas
o cosmos existe
porque te empaturras no teu covil
de tanto dinheiro
de tanto alimento
infindáveis galáxias
não te chegam para teu sustento

nem o cometa te acredita
na tua mágoa militante
o arco iris vai estrangular-te
viagem a tua desdita
num buraco negro
para que o que exista
para o que quer que exista
 envolva a terra num abraço reconfortante.

António Garrochinho

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