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segunda-feira, 11 de abril de 2016

Os Mind Games de Marcelo ( Dos jogos florais aos jogos de estratégia)

No sábado, Marcelo Rebelo de Sousa completou o primeiro mês do seu mandato de PR. 


Agora, terminadas as festividades da entronização, chegou o momento de regressar à realidade. E - é preciso dizê-lo sem rodeios- a realidade não deixa espaço para o optimismo num futuro próximo.


É verdade que em apenas um mês, Marcelo recuperou o prestígio e a dignidade do cargo, fazendo esquecer o monumental fiasco do seu antecessor, mas desenganem-se aqueles que continuam a acreditar que a coabitação de Marcelo com este governo vai ser pacífica. Longe disso! Neste momento, Costa e os parceiros de coligação já devem estar a fazer contas para determinar quantos dias faltam até Marcelo apunhalar este governo pelas costas.


Diga-se, em abono da verdade, que Marcelo já enviou ao governo a mensagem de abertura de hostilidades, quando convidou Mário Draghi a assistir ao Conselho de Estado. Foi uma daquelas partidinhas à Marcelo, que tem como destinatários o governo e a liderança do PSD. Com a matreirice que lhe conheço desde sempre, Marcelo encenou uma trama que pode ser interpretada como ameaça, ou prova de confiança, pelos dois lados. Instigar um ambiente de desconfiança mútua entre os parceiros de uma contenda, é um dos ardis preferidos do actual PR, desde que esteja em condições de ser ele a decidir quem vai sair vencedor. Como é o caso.


Francisco Louçã terá estragado um pouco o cenário engendrado pelo PR, ao desvendar as palavras/ ameaças/avisos/ puxões de orelhas ( risque o que não interessar) de Draghi.
Ficou mais clara a estratégia de Marcelo - que poderá ser posta em prática já em 2017, se o OE for chumbado, ou as contas deste ano derraparem perigosamente.


A estratégia de Marcelo é muito semelhante à de Cavaco. Quer um Centrão, com preponderância do PSD.  Neste momento, porém, Passos Coelho é uma pedra na engrenagem da sua estratégia. Não se gostam nem têm confiança um no outro e Marcelo não arriscará usar a bomba atómica e marcar eleições antecipadas, sem ter a certeza de ter um amigo à frente do PSD.


Ao recusar- uma vez mais- candidatar-se à liderança do PSD, Rui Rio estragou os planos do PR. Se tivesse avançado e conquistado a liderança, o destino deste governo já estaria traçado. O próprio António Costa não desdenharia ir a eleições em 2017, tendo como perspectiva uma aliança com o PSD de Rui Rio.  Inviabilizada essa hipótese, as coisas parecem mais complicadas. Mas só aparentemente.  Se houver desentendimento entre as esquerdas, Marcelo é suficientemente hábil para desencadear uma crise interna no PSD e forçar um congresso extraordinário que escolha um novo líder, a tempo de disputar as eleições logo após as autárquicas. 


Diria, mesmo, que esse cenário já está a ser equacionado. Rui Rio pode ser uma carta fora do baralho , como garantem alguns comentadores, mas outros nomes do agrado de Marcelo se estão já a posicionar. Pedro Duarte e José Eduardo Martins são os que surgem com mais força, mas o nome de Nuno Morais Sarmento também não é de descartar.


Uma coisa me parece certa. Terminou a época teatral dos afectos e vai começar a época dos jogos de estratégia. 
Nos círculos de Marcelo e do PSD é assumido que este governo não dá garantias de estabilidade e todos pensam que, uma vez revertidos os cortes e as medidas mais impopulares do governo Pafioso, as esquerdas se desentenderão e o governo cairá.
Nem o PS, nem os partidos que apoiam o governo, duvidam que se derem uma oportunidade a Marcelo, ele dissolverá a AR. Deveriam todos concentrar os seus esforços para garantirem um governo de quatro anos, sob pena de devolverem à direita a oportunidade de voltar ao poder e reimplementar a austeridade.






cronicasdorochedo.blogspot.pt


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