Sou dos que não acreditam na durabilidade deste Governo.
- O que acusava em Sócrates cai-lhe em cima por inteiro. Depois, queira-se ou não, o CDS e as suas ascensões e quedas resultam do vazio da Direita e da circunstância de ser um fenómeno temporal. Portas foi o modelo Gucci da política modernaça: camisa esgargalada, boné ou chapéu de feira, consoante as situações.
Neste deboche em que se encontra Portugal, o objectivo de Portas era ser Governo, soprasse o vento de onde fosse. Como escreveu um preopinante do mesmo estilo: "ele é um homem charneira." Eu, ficaria seriamente chateado com o qualificativo. Ganhasse o PS e lá estaria o Portas a tocar no batente do vencedor. Como foi o PSD e, sobretudo, Passos Coelho o vencedor, Portas apresentou-se logo ao serviço. Aquela frase: "Quem dá mais é que é o patrão", por indecorosa e até sórdida, abriu caminho às piores abjecções. Um pouco o que acontece agora.
A coligação teve o apoio e a água benta do dr. Cavaco. Ficou muito satisfeito e até tem acelerado a constituição do novo Executivo. Tudo isto é muito estranho e muito estafado. E muito falso. O dr. Cavaco detesta Passos Coelho, desde o tempo em que este, dirigente da JSD, lhe fez frente e quase o desacreditou publicamente. O dr. Cavaco, tem um carácter ressentido e não esquece nem perdoa. Por outro lado, execra Paulo Portas, que, semanalmente, n' "O Independente", o enxovalhava sem dó nem piedade. Assistir aos abraços e aos sorrisos desta gente faz vomitar, mesmo aqueles que são sólidos de estômago.
Pedro Passos Coelho, por seu turno, não é lenço mole. E já o afirmou: "quem manda aqui sou eu." Pode Paulo fazer pressões e até pequenas chantagens caseiras, que encontra pela frente um indivíduo aparentemente afável, bem-educado e de voz bem timbrada, mas muito senhor do seu nariz. Quem o conhece desde rapaz faz unanimidade: ele não é para graças, e o seu apego ao poder, por enorme que seja, não está fixado com cola-tudo.
Há qualquer coisa de contra-natura, salvo seja!, nesta ligação de interesses, que não de convicções ou de ideologias. Impante e afirmativo, Portas veio a palco declarar que Passos nem pense em beliscar a questão social. Aí, firme, fez uma declaração de princípios: "Estou mais à Esquerda do que o PSD." Passos não gostou nada do dito, mas teve de o engolir, para não encardir as coisas logo de início.
Não basta consultar a pitonisa de Delfos, nem pedir à Maya que lance as cartas do tarot para percebermos as fragilidades desta aliança. A própria natureza dos dois homens é reveladora. Pedro Passos Coelho não está disposto a ceder naquilo que considera o essencial. E Paulo Portas quer tudo o que seja visibilidade e protagonismo. Talvez tenha razão. Ele sabe que o CDS, sem ele, voltará a ser um partido cujos elementos cabem num táxi. Além do que ele próprio não sabe fazer outra coisa senão política. O jornalismo, como no século XIX, serviu-lhe como trampolim. Repare-se no número de amigos e conhecidos que deixou, trucidados, pelo caminho. Consta que Luís Nobre Guedes até chorou.
Quanto ao PS: aquele partido parece uma desgraça. Costa recusou "liderá-lo". Diz que está muito bem na Câmara, e assim seja. António José Seguro, que não me atrevo a qualificar, protagonizou a cena mais grotesca que já assisti: no intervalo de uma viagem de elevador, disse que sim, disse que não, disse que talvez. Está desejoso de mandar, desde logo se viu. Mas é um homem de escassas qualidades. Um carreirista sem convicções, tão profundamente "socialista" quanto o pode ser sei lá quem. Francisco Assis tem nome de santo, mas está longe de o ser. Viu-se, em Felgueiras, há anos, a coragem física e moral que ostentou, ao enfrentar um bando de energúmenos que ameaçava linchá-lo. Parece um frigorífico, gelado e informe, mas defende as suas ideias e parece-me um homem estimável. Quanto ao resto…
O panorama não é animador. Temos uma coligação cheia de estremeções; um PS esburacado; um Bloco em crise de endemia; um PCP que se vai mantendo, e um Presidente da República pior do que se suspeitava.
Historicamente, já aguentamos pior. Historicamente, vamo-nos aguentar. Vamos a isto, meus Dilectos! Sus! Vamos a eles!
Neste deboche em que se encontra Portugal, o objectivo de Portas era ser Governo, soprasse o vento de onde fosse. Como escreveu um preopinante do mesmo estilo: "ele é um homem charneira." Eu, ficaria seriamente chateado com o qualificativo. Ganhasse o PS e lá estaria o Portas a tocar no batente do vencedor. Como foi o PSD e, sobretudo, Passos Coelho o vencedor, Portas apresentou-se logo ao serviço. Aquela frase: "Quem dá mais é que é o patrão", por indecorosa e até sórdida, abriu caminho às piores abjecções. Um pouco o que acontece agora.
A coligação teve o apoio e a água benta do dr. Cavaco. Ficou muito satisfeito e até tem acelerado a constituição do novo Executivo. Tudo isto é muito estranho e muito estafado. E muito falso. O dr. Cavaco detesta Passos Coelho, desde o tempo em que este, dirigente da JSD, lhe fez frente e quase o desacreditou publicamente. O dr. Cavaco, tem um carácter ressentido e não esquece nem perdoa. Por outro lado, execra Paulo Portas, que, semanalmente, n' "O Independente", o enxovalhava sem dó nem piedade. Assistir aos abraços e aos sorrisos desta gente faz vomitar, mesmo aqueles que são sólidos de estômago.
Pedro Passos Coelho, por seu turno, não é lenço mole. E já o afirmou: "quem manda aqui sou eu." Pode Paulo fazer pressões e até pequenas chantagens caseiras, que encontra pela frente um indivíduo aparentemente afável, bem-educado e de voz bem timbrada, mas muito senhor do seu nariz. Quem o conhece desde rapaz faz unanimidade: ele não é para graças, e o seu apego ao poder, por enorme que seja, não está fixado com cola-tudo.
Há qualquer coisa de contra-natura, salvo seja!, nesta ligação de interesses, que não de convicções ou de ideologias. Impante e afirmativo, Portas veio a palco declarar que Passos nem pense em beliscar a questão social. Aí, firme, fez uma declaração de princípios: "Estou mais à Esquerda do que o PSD." Passos não gostou nada do dito, mas teve de o engolir, para não encardir as coisas logo de início.
Não basta consultar a pitonisa de Delfos, nem pedir à Maya que lance as cartas do tarot para percebermos as fragilidades desta aliança. A própria natureza dos dois homens é reveladora. Pedro Passos Coelho não está disposto a ceder naquilo que considera o essencial. E Paulo Portas quer tudo o que seja visibilidade e protagonismo. Talvez tenha razão. Ele sabe que o CDS, sem ele, voltará a ser um partido cujos elementos cabem num táxi. Além do que ele próprio não sabe fazer outra coisa senão política. O jornalismo, como no século XIX, serviu-lhe como trampolim. Repare-se no número de amigos e conhecidos que deixou, trucidados, pelo caminho. Consta que Luís Nobre Guedes até chorou.
Quanto ao PS: aquele partido parece uma desgraça. Costa recusou "liderá-lo". Diz que está muito bem na Câmara, e assim seja. António José Seguro, que não me atrevo a qualificar, protagonizou a cena mais grotesca que já assisti: no intervalo de uma viagem de elevador, disse que sim, disse que não, disse que talvez. Está desejoso de mandar, desde logo se viu. Mas é um homem de escassas qualidades. Um carreirista sem convicções, tão profundamente "socialista" quanto o pode ser sei lá quem. Francisco Assis tem nome de santo, mas está longe de o ser. Viu-se, em Felgueiras, há anos, a coragem física e moral que ostentou, ao enfrentar um bando de energúmenos que ameaçava linchá-lo. Parece um frigorífico, gelado e informe, mas defende as suas ideias e parece-me um homem estimável. Quanto ao resto…
O panorama não é animador. Temos uma coligação cheia de estremeções; um PS esburacado; um Bloco em crise de endemia; um PCP que se vai mantendo, e um Presidente da República pior do que se suspeitava.
Historicamente, já aguentamos pior. Historicamente, vamo-nos aguentar. Vamos a isto, meus Dilectos! Sus! Vamos a eles!
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